De acordo com a FAO, o Brasil já é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos (EUA), e é o segundo maior exportador global, depois dos norte-americanos. Mas é possível avançar mais e ser o primeiro, tanto na produção, quanto no comércio internacional de produtos agrícolas, apesar dos crônicos gargalos de logística.

Segundo estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), na safra 2021/2022 o agro brasileiro poderá bater novo recorde na produção de grãos e crescer 3,0% em área plantada, 9,8% em produtividade e 13,2% em quantidade de grãos, e alcançar 288,61 milhões de toneladas (Mt); aumento de 14,2% ou acréscimo de 35,87 Mt, relativamente aos 252,74 Mt da safra 2020/2021. Destaque para a soja e o milho, que, juntamente com café, cana-de-açúcar e carne bovina respondem por 78% dos estimados R$1,11 trilhões do Valor Bruto da Produção (VBP) brasileira em 2021/2022: R$ 757 bilhões da agricultura e R$ 352 bilhões da pecuária, conforme aponta o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

A CONAB indica que o Brasil deverá cultivar 50 milhões de hectares (Mha) na safra principal e 21,5 Mha na 2ª safra, totalizando 71,5 Mha. Liderança folgada para a soja, com 39,91 Mha, cerca de 1,0 Mha a mais do que na safra anteior (38,8 Mha), que pode gerar 140,75 Mt. Com isso, a cultura mantém a liderança mundial da produção e da área cultivada com a oleaginosa. Nessa balada, as projeções do MAPA apontam para uma produção de 333,1 Mt de grãos no Brasil no ciclo 2030/2031,em uma áea de 80,8 Mha. Porém, com a inclusão de todas as lavouras, a área brasileira passará para 92,3 Mha, cultivados em 1ª, 2ª ou 3ª safra. As incorporações mais significativas de áreas agrícolas do país deverão ocorrer na região Norte (PA, RO e TO) e no oeste da região Nordeste (MA, PI e BA).

Depois de uma forte quebra de produção na temporada 2020/2021 (16 milhões de toneladas, segundo a CONAB), a próxima safra de milho pode ser histórica: 116,3 Mt (1ª 2ª e 3ª safras), constituindo-se no único cultivo que tem possibilidades de ultrapassar a produção da soja no médio e longo prazos, principalmente nas semeaduras de 2ª safra, em sucessão à colheita da oleaginosa. Na safra 2021/2022, a previsão de cultivo do cereal em 1ª safra totaliza apenas 4,41 milhões de hectares, com produção inicialmente estimada em 28,3 Mt e produtividade média de 6.416 kg/ha, ante uma segunda safra com área aproximada de 20 Mha, produção estimada de 88 Mt, mas produtividade média menor: 4.400 kg/ha. Outras culturas importantes como arroz, mandioca, café, laranja e feijão, perderam área, mas a redução foi compensada por ganhos de produtividade.

Já a produção de trigo – parcialmente colhida – está a indicar substancial crescimento na presente temporada (2021), com aumentos de área (incluindo áreas de Cerrado) e produtividade, sugerindo colheita da maior safra da história: cerca 8,2 Mt, a maior parte destinada ao consumo interno do Brasil, que, mesmo assim, precisará importar 2 a 4 Mt.
Mas não são apenas os grãos que têm previsão de crescimento expressivo na próxima década. Para as carnes, estima-se crescimento de 24,1%: (17% na bovina, 25,8% na suína e 27,7% na de frango).

Segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA-USP), com o bom desempenho do agronegócio em 2021/2022, a participação do setor agropecuário no PIB brasileiro deve manter-se no entorno de 30%. Cresceu 14,46% nos seis pimeiros meses deste ano (2021), com destaque para a agricultura, que mesmo prejudicada por contrariedades climáticas (estiagem e geadas), obteve produções recordes em soja, trigo e algodão. Estimativas do MAPA indicam que a produção continuará crescendo, tendo como suporte o aumento previsto para o consumo interno, que deverá consumir 33,7% da soja e 71,6% do milho. Esse cenário dá ao Brasil a esperança de se tornar o maior produtor de alimentos do mundo.

 

Fonte: Canal Rural